sexta-feira, 7 de março de 2008

Internet


Bom, eu adoro de paixão a internet, mas o mundo virtual é tão complexo quanto o real; ali, tá cheio de pessoas legais, momentos de diversão e também gente mal intencionada e perigos. E com um agravante: A gente não olha no olho de quem está do outro lado. A verdade é que muita gente aproveita para puxar os outros pra baixo. Estava eu lendo a Capricho desta quinzena (Não é só futilidade que você encontra lá não!) e me deparei com uma reportagem super interessante sobre um menino, Vinícius, que se suicidou influenciado por supostos "amigos" virtuais.

Antes de começar a morrer, Vinícius, um gaúcho de 16 anos, deixou ao lado do computador um CD com algumas de suas músicas. Compor letras e melodias era o seu jeito de aliviar a dor imensa que sentia. Tão grande, tão forte que, algumas vezes, tirava sua vontade de viver. Era isso que ele dizia nas conversas que tinha na internet, sempre com o nick de Yoñlu. Foi também no mundo virtual que, no auge do desespero, Yoñlu buscou todas as informações de que precisava. Entre elas, a melhor forma de morrer.

Todo o processo foi lento e planejado. Vinícius pediu para os pais saírem de casa naquele dia para que ele pudesse dar um churrasco para os amigos. Sozinho, começou a preparar o ritual de sua morte: escreveu uma carta, gravou o CD, preparou a brasa que o deixaria intoxicado e entrou na net. Lá, anunciou que iria morrer às 11 horas. Mais que isso. Contou, passo a passo, como faria para morrer. Ninguém do outro lado da tela pediu ajuda. Ninguém sequer tentou dissuadi-lo. Ao contrário. Quando Vinícius tinha dúvidas - como suportar o calor do banheiro escaldante, por exemplo -, seus amigos virtuais respondiam prontamente. E assim, Vinícius documentou todo o processo do seu suicídio, até o real falecimento por asfixia, às 15:30 do dia 26 de junho de 2006.

Bom, galera, essa foi a história de um adolescente, influenciado por pessoas anônimas a se matar.

A Capricho pediu para 3 "blogueiras" escreverem uma carta para Vinícius, como se ele estivesse ainda vivo, motivando-o a viver. Um trecho de uma das cartas me tocou bastante:

" A vida é um fluxo. Deixe ela fluir. Feche os olhos, ouça a melodia do seu coração, uma batida do pulso. Imagine o sangue fluindo entre suas veias como o rio flui para o mar. Respire fundo, sinta o oxigênio entrando, na insistência de recomeçar. Seja seu próprio motivo. Enxugue esse olho cheio de água com suas próprias mãos. Não é maravilhoso mexer seus dedos? Dance. Dance porque você pode. Acorde enquanto você pode, da maneira que for. Viva enquanto lhe é permitido. A morte, ao contrário da vida, que é capaz de ter vírgulas, parágrafos e exclamações a cada novo dia, é um ponto final. " - Carta de Ana Raquel para Vinícius.

Depois de ler isso, independente de ser reportagem de uma revista para jovens, aprendi a dar mais valor a vida.